quarta-feira, 8 de maio de 2013

O Fascismo alemão: o nazismo



Na Alemanha, o movimento fascista foi chamado de nazista, que é uma abreviatura de nacional-socialista. Repare numa coisa interessante: o socialismo estava tão popular, que até os nazistas utilizavam esse nome. Claro que eles não tinham nada de socialistas, pois abominavam a igualdade e a democracia.
Quando terminou a Primeira Guerra, em 1918, a Alemanha passou a ter um regime democrático. Esse período de liberdade política foi chamado de República de Weimar e durou até 1933, quando os nazistas tomaram o poder. Todos os partidos políticos importantes tinham deputados no Parlamento, inclusive os comunistas e os nazistas.
Foi uma época de grandes dificuldades. Derrotada na guerra, a Alemanha teve de pagar uma imensa dívida para os ingleses e franceses. A crise de 1929 levou milhões de alemães ao desespero. O desemprego atingiu 44% dos trabalhadores. A crise levou muitas pessoas a votar nos comunistas e nos social-democratas.
O partido nazista, chefiado por Adolf Hitler, também ganhava muitos votos. Os nazistas acusavam os comunistas, os liberais e os judeus de desgraçar o país. Prometiam acabar com a "desordem" e restaurar o orgulho de ser alemão. Falavam em combater os banqueiros muito gananciosos e em proteger a classe média. Anunciavam que os alemães pertenciam à raça ariana, que consideravam superior às outras e que portanto não poderia curvar-se diante do mundo, Percebeu? Num país faminto, humilhado pela derrota na Primeira Guerra e inseguro com a crise, os nazistas ofereciam o sonho da tranquilidade, do orgulho patriótico e da força. E quantas pessoas inseguras não acreditam que poderão ser salvas pelo "herói da pátria" e pelo super-Estado?
Os nazistas tinham técnicas avançadas de propaganda política. Seguindo as ideias de Goebbels, o mestre da propaganda política fascista, manipulavam as informações ("uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade"). Exploravam o inconsciente coletivo alemão e os ressentimentos causados pela derrota na Primeira Guerra. Falavam em vingança, em "Alemanha acima de tudo". Formavam bandos de jovens uniformizados e cheios de músculos, que ocupavam as ruas perseguindo todos os inimigos: comunistas e social-democratas, judeus, homossexuais.
Depois da crise de 1929, os nazistas elegeram inúmeros deputados para o Parlamento. Num certo momento, tornaram seu partido o mais votado. Agora, atenção para algo muito importante: os nazistas jamais conseguiram a maioria absoluta dos votos do povo alemão. Isso mesmo que você leu: mais da metade dos alemães votava contra os nazistas! Meses antes de dominar a Alemanha. Hitler foi candidato à presdência da República e perdeu as eleições para um velho político tradicional. Como se explica então que os nazistas tenham chegado ao poder?
Em primeiro lugar, as forças antinazistas estavam divididas. Os social-democratas e os comunistas acusavam-se mutuamente de favorecer os nazistas. Os liberais não queriam se unir à esquerda para combater Hitler. Só os nazistas estavam unidos e coesos. Daí sua força. Daí sua ousadia.
Em segundo lugar, porque os nazistas tomaram o poder com um golpe de Estado apoiado pelos megaempresários e pela cúpula das Forças Armadas. Foi em 1933. O Reichstag (Parlamento) foi incendiado pelos nazistas, que puseram a culpa nos comunistas. A partir daí, todos os partidos políticos foram fechados, com exceção do nazista. A Gestapo (polícia secreta) vigiava e aterrorizava toda a população.
Seguindo as receitas do New Deal dos EUA, o plano de recuperação económica do presidente Roosevelt, o Estado fascista alemão encomendou obras públicas às empresas privadas. Para recuperar o emprego e ativar a economia, estimulou a produção de armas. Conseguiu reduzir o desemprego, mas a guerra seria apenas uma questão de tempo.

Quem foi Hitler?

Adolf Hitler nasceu na Áustria (1889), de família pobre. Queria ser artista, mas foi reprovado na Academia de Viena. Como tantos austríacos, Hitler se considerava alemão. Foi na cidade alemã de Munique que entrou para o Partido Nazista e, já em 1923, puxou uns meses de cadeia por ter falhado na tentativa de dar um golpe de Estado. No seu livro Mein Kampf (Minha Luta) definiu os ideais nazifascistas.
Depois de morto (1945), Hitler apareceu tantas vezes na televisão e nos livros que talvez seja o homem mais conhecido do século XX. Ao contrário do que se pensa, era um orador que sabia ser bem-humorado, contar piadas e se mostrar afável, misturando a aparente ternura com uma agressividade implacável.
Em eleições livres, Hitler e os nazistas jamais obtiveram os votos da maioria dos alemães. Mesmo quando os comunistas e os social-democratas foram proibidos de fazer comícios e propagandas no rádio e nos jornais (1933), os nazistas não conseguiram a maioria dos votos alemães. Os nazistas conquistaram o poder por meio de manobras políticas e do uso da força, sustentados pela alta burguesia e pela cúpula do exército.
No governo, Hitler adotou medidas semelhantes ao New Deal dos EUA. Depois, uniu a Alemanha e a Áustria num mesmo país e iniciou a Segunda Guerra Mundial. Por ordens diretas de Hitler, os nazistas cometeram terríveis atrocidades, torturando e executando em massa milhões de seres humanos.
Atenção: o nazismo não foi o resultado da personalidade individual de Hitler. O nazismo surgiu das condições sociais da Alemanha nos anos 30: a crise de 29, os receios da alta burguesia e da classe média, o desgaste do Parlamento etc. Portanto, é válido supor que, se Hitler não tivesse nascido, mesmo assim teria existido o nazismo. Porque o nazifascismo era todo um sistema político e ideológico que dependia da situação histórica da Alemanha, da Europa e do mundo, e não da vontade de uma única pessoa ou de um pequeno grupo de homens.

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O Holocausto

Os nazistas eram anti-semitas, ou seja, tinham preconceito contra os judeus. Ao tomar o poder, começaram os ataques. Primeiro, expulsaram os judeus das escolas, dos empregos públicos. Rapazes da juventude nazista incendiavam lojas e oficinas de judeus. Os judeus ricos tinham seus bens tomados. Os judeus pobres (eram a maioria) perderam seus empregos e foram obrigados a pregar uma estrela amarela de pano em suas roupas. Os arianos (a tal “raça pura” germânica que só existia mesmo na cabeça de Hitler) que tivessem relações com judeus seriam punidos e humilhados.
Por incrível que pareça, isso foi só o começo.
Numa segunda etapa, os nazistas prendiam os judeus e os enviavam para campos de concentração. Essa barbaridade ocorreu em toda a Europa dominada pelos nazistas. Infelizmente, muitos indivíduos de diversos povos europeus colaboraram com esses atos criminosos.
Quando ficou evidente que a Alemanha perderia a guerra, os nazistas intensificaram o que chamaram de solução final. Os campos de concentração nazista se tornaram verdadeiras máquinas de extermínio. Os soldados nazistas prendiam os judeus em imensos galpões fechados. Em seguida, era liberado o gás venenoso Ziklon-B. Em poucos minutos, centenas de pessoas caíam mortas.
Os guardas arrancavam dos cadáveres os dentes de ouro, os cabelos (para fazer recheio de colchões), a gordura (para fabricar sabão ordinário). A fabrica de cadáveres continuava sua macabra produção.
Campos de concentração como o de Auschwitz (ficava na Polônia denominada pelos nazistas) conseguiram uma triste celebridade. Os cadáveres eram queimados em fornos crematórios. Os campos de concentração eram verdadeiras fábricas de assassinatos. Os números dizem tudo: foram seis milhões de judeus mortos. Além dos judeus, milhões de ciganos e de russos (“raça eslava”) também foram executados. O dr. Mengele era médico nazista dos campos de extermínio. Ele fazia experiências com cobaias humanas! Por exemplo, amputava órgãos de bebês, arrancava olhos das crianças judias.

Mario Schmidt
Nova História Crítica